Salvador, onde tudo começou.
(http://veja.abril.com.br/241208/p_126.shtml)
Em 1549 inicia-se o processo de colonização efetiva do Brasil com a fundação da sua primeira capital, a Cidade do Salvador. Seu fundador, o primeiro Governador Geral Thomé de Souza desembarcou no atual Porto da Barra, em 29 de março, e iniciou a construção da cidade-fortaleza, planejada para ser o centro administrativo do Brasil. Salvador foi capital do Brasil até 1763.
http://sosbarra.blogspot.com.br/p/porto-da-barra-porto-da-barra-cristo.html
O traçado urbano da cidadela foi definido pelo mestre de cantaria Luís Dias, com nítida preocupação de defesa, cercada por uma paliçada. As primeiras construções foram de taipa e palha. Em 1549, Salvador já possuía pelo menos cinco igrejas: Graça, Vitória, Escada, Conceição da Praia e Ajuda. Apenas esta última era intramuros, dentro da Cidadela, e, em 1552, tornou-se a primeira catedral do Brasil.
Estátua de Thomé de Souza, na praça que leva o seu nome, no Centro Histórico de Salvador. Ao fundo, o Paço Municipal construído em 1660. Abriga hoje a Câmara Municipal de Salvador. |
Em Salvador concentrou-se uma grande população de europeus, índios, negros e mestiços em decorrência da economia, centrada no comércio com engenhos instalados no vasto Recôncavo, construindo assim uma cultura mestiça. Portanto o soteropolitano era mestiço de português, cristão-novo e índio, mais tarde também de negro, sendo sua origem cultural construída na miscigenação.
Após o governo de Tomé de Souza, governaram o país Duarte da Costa e Mem de Sá, que teve o comando do país até 1572. Neste período a Bahia era a região que mais exportava açúcar, considerado na época o produto mais exportado do país. A fama e a riqueza da província baiana, despertaram a cobiça de outros países no início do século 17.
Nestes tempos Portugal estava unido com a Espanha, colocando várias restrições ao Brasil como, o impedimento do país em firmar relações comerciais com a Holanda. Este fato, ligado a riqueza desencadeada pela exportação do açúcar, fez com que a Holanda resolvesse invadir a Bahia. Uma esquadra comandada pelo holandês Jacob Willekens, chegou às terras baianas em 1624 com 26 navios. Neste período foi construída em Morro de São Paulo a Fortaleza de Tapirandu, uma importante estratégia para defender a Baía de Todos os Santos. Os invasores holandeses ocuparam Salvador e permaneceram por cerca de um ano até serem expulsos pela força luso-espanhola.
Nestes tempos Portugal estava unido com a Espanha, colocando várias restrições ao Brasil como, o impedimento do país em firmar relações comerciais com a Holanda. Este fato, ligado a riqueza desencadeada pela exportação do açúcar, fez com que a Holanda resolvesse invadir a Bahia. Uma esquadra comandada pelo holandês Jacob Willekens, chegou às terras baianas em 1624 com 26 navios. Neste período foi construída em Morro de São Paulo a Fortaleza de Tapirandu, uma importante estratégia para defender a Baía de Todos os Santos. Os invasores holandeses ocuparam Salvador e permaneceram por cerca de um ano até serem expulsos pela força luso-espanhola.
Dos séculos 16 ao 18, Salvador era dos principais elos entre Portugal, o sul da África e o litoral da Ásia, se tornando, assim, uma cidade cosmopolita. Até o início do século 19, era a maior e a mais importante cidade do Brasil e a segunda maior em todo o Império Lusitano, atrás apenas de Lisboa. Por causa dessa fantástica ligação, em 1870, o porto da Baía de Todos os Santos era o mais movimentado do País, pois a comercialização e exportação de produtos como açúcar, cana, pau-brasil, fumo, laranja de umbigo, água ardente, frutas locais, dentre outros, era intenso.
Com isso Salvador passou a ser centro de ação portuguesa no atlântico sul, ponto de contato e intercâmbio portuário com a África, este mais bem conhecido devido à escravidão, mas também com o oriente. Eram muitos marinheiros e tripulantes baianos, que integravam as expedições, viagens e comércios entre a Bahia e Portugal, e os diversos portos do Goa, Macau, Timor, Diu, Cantão, e todo o mundo de expressão portuguesa.
A Bahia, Portugal, os diversos pontos da África, da Índia, do Oceano Índico, do Extremo Oriente, já foram parte de um mesmo Estado, de um mesmo país ligado por portos e comércio ativos(MATTA, 2013). Esta rota de ligação foi denominada como Carreira da Índias.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Carreira_da_%C3%8Dndia)
A rota da Índia pelo Oceano Atlântico era monopólio (exclusividade) dos navegadores portugueses, assim como o caminho pelo mar Mediterrâneo fora monopólio das cidades italianas, no século anterior.
Você sabia que Salvador foi a capital mais importante do Brasil até 1763?
Você conhecia a expressão carreira das Índias?
Portugal tinha o domínio das escalas na rota para o Oriente e podia evitar que outros países como a Espanha comerciassem também com as especiarias orientais.
Você sabia que Salvador foi a capital mais importante do Brasil até 1763?
Você conhecia a expressão carreira das Índias?
E assim começou: a origem do bairro Cabula
Entre os séculos 16 ao 18, Salvador era dos principais elos entre Portugal, o sul da África e o litoral da Ásia, se tornando, assim, uma cidade cosmopolita. Até o início do século 19, era a maior e a mais importante cidade do Brasil e a segunda maior em todo o Império Lusitano, atrás apenas de Lisboa. Por causa dessa fantástica ligação, em 1870, o porto da Baía de Todos os Santos era o mais movimentado do País, pois a comercialização e exportação de produtos como açúcar, cana, pau-brasil, fumo, laranja de umbigo, água ardente, frutas locais, dentre outros, era intenso.
É nesse contexto que o bairro Cabula se situa . A região, no passado, serviu de esconderijo para os negros escravizados, formando o Quilombo do Cabula. Essa região foi povoada por negros, principalmente de origem Congo e Angola, que tocavam e dançavam o ritmo religioso chamado kabula, dando origem ao nome do bairro.
A sociabilidade do Cabula foi implantada por povos guerreiros de Angola e do Congo, primeiros povos escravizados e trazidos ao Brasil para trabalhar na lavoura da cana-de-açúcar no final do século XVI, mas a queda da produção, as invasões holandesas e francesas fizeram com que os portugueses adentrassem no interior da colônia e encontrassem nas áreas de Minas Gerais uma nova forma de expandir seu patrimônio material, a descoberta de pedras preciosas e minerais. Neste ponto surge uma nova rota de trafico; Costa da África, de onde trouxeram povos de Daomé, os jejes, e povos nagôs, os iorubas.
Os povos do império Congo, sobretudo dos reinos Ndongo (atual Angola) e Matamba, já viviam em luta pela afirmação dos seus direitos políticos no império Congo, de maneira que ao chegarem ao Brasil continuaram a luta e fundaram os quilombos. Muniz Sodré diz que os quilombos representam a radicalização dos recursos de sobrevivência social, comunal, defendiam os modos e forma de organização própria da África ancestral (Cf. 2002, p. 68).
O Cabula foi um dos lugares de Salvador que possibilitou a criação e expansão desta forma social, em 1826 houve a rebelião do quilombo Orobó, próximo às matas de Plataforma, estes quilombolas tinham contato com a sociedade oficial, eram vendedores de frutas, de carnes, ervas medicinais, mandioca, de maneira que é possível pensar que a organização social que havia nestes espaços, não era, apenas, para um lugar de esconderijo, mas um território político-social com líderes e organização militar, social e econômica própria.
O quilombo Orobó foi dizimado, mas muitos quilombolas que escaparam da morte ou da prisão fixaram-se nas matas do Cabula em lugares protegidos, mas o governo da província da Bahia ao retomar as terras quilombolas resolveu vende-las à aristocracia Bahia, em um dos escritos de Cid Teixeira (1978) aponta a Condessa de Pedrosa como uma das proprietárias (1882) de terras do Cabula.
É neste momento que o Cabula passa ser lugar de fazendas e chácaras, o Arraial do Retiro foi um dos lugares bem freqüentado a partir do final do século XIX, contam os antigos moradores que participam de comunidades-terreiros de Angola.
Como responsáveis pelo início de socialização do lugar, é possível apontar os povos bantus, oriundos do Congo e Angola, como autores do nome do lugar Cabula.
Até o século XIX, o Cabula era formado por fazendas e chácaras que cultivavam preferencialmente laranja-da-baía, conhecida como "laranja de umbigo", em razão do apêndice polposo característico dessa subespécie, surgida na década de 1810. O fruto não tem semente, reproduzindo-se assexuadamente através de mudas e enxertia.
Originária do Cabula, a laranja de umbigo foi, posteriormente, levada para a Califórnia. Em 1873, técnicos em citricultura de Riverside, na Califórnia, receberam 3 mudas de laranja-da-baía. Assim, a variedade se espalhou pelos Estados Unidos e outras partes do mundo, com o nome de Washington Navel. A expansão horizontal da cidade foram fundamentais para a transformação do uso do solo no Cabula
Entre 1940 e o início dos ano 1950 uma praga destruiu os laranjais e, essa situação provocou o loteamento e venda em parcelas das fazendas. Os lotes vendidos foram formando novos bairros dando origem à um grande complexo de comunidades.
A partir daí o Cabula passa a ser uma região administrativa XI de Salvador, na Bahia, no Brasil compostas por vários bairros como: Pernambués, Saboeiro, Imbuí, São Gonçalo, Engomadeira, Mata Escura, Narandiba, Tancredo Neves e Cabula 6.
A partir dos anos 1970, surgiram diversos condomínios residenciais, a urbanização avança sobre as extensas áreas verdes do bairro, ligadas por vários caminhos chamados de "estradas do Cabula" que permanecem ainda hoje: Ladeira do Cabula, entre outras.
O bairro abriga, ainda, um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica da cidade. Trata-se de área pertencente à União (Exército Brasileiro) - a "Mata do Cascão" -, situada nos fundos do quartel do 19º Batalhão de Caçadores. A área da antiga Fazenda Cascão, de 137 hectares, confina com a Avenida Paralela. É contornada por muros e o acesso é controlado. As trilhas, antes eram percorridas somente pelos soldados em treinamento, podem ser utilizadas por visitantes e pesquisadores, mediante autorização do comando do 19° BC.
Apesar da presença de espécies exóticas, como jaqueira e mangueira, a mata está em regeneração, o que pode ser notado pela presença de espécies nativas como pau-pombo, matataúba, pau-paraíba, janaúba, ingá, jenipapeiro, sucupira, pindaíba.
A densa vegetação protege as nascentes do rio Cascão, que alimenta um reservatório de 4.400 metros quadrados de espelho-d'água, construído entre 1905 e 1907, pelo engenheiro Teodoro Sampaio. Todavia o corpo d'água, antes límpido, foi contaminado nos últimos anos por esgotos domésticos, lançados diretamente no rio Cascão (ou rio das Pedras), oriundos de condomínios residenciais e invasões instaladas nas vizinhanças. Em razão disso, a pesca e o banho foram proibidos.
E assim nasce o bairro Saboeiro...
Desenvolvimento da Região do Cabula
Para atender a demanda da população que crescia em ritmo acelerado foram implantados equipamentos públicos e privados em toda a Região do Cabula, conforme a seguir:
Lemos de Brito – Mata Escura
Na década de 1950 foi criada a penitenciária Lemos de Brito, no bairro Mata Escura, bairro também pertencente a região do Cabula, a penitenciária Lemos de Brito é bastante conhecida por ser o maior presídio do Estado da Bahia.
Escola Visconde de Itaparica - Cabula
Em 1954 foi fundada a primeira escola pública do bairro do Cabula - Escola Visconde de Itaparica.
19 BC - 19º Batalhão de Caçadores - Cabula
Subordinado a 6ª Região Militar da Bahia, conhecido como Batalhão Pirajá, localizado no bairro do Cabula, o 19 BC é uma unidade pertencente ao exército brasileiro. No 19 BC encontra-se a Mata do Cascão, na qual a nascentes do Rio Cascão, sendo um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica de Salvador.
CETEBA-Centro de Educação Técnica da Bahia – Cabula
Em 12 de outubro de 1968 foi criado o Centro de Educação Técnica da Bahia (CETEBA), oferecendo cursos técnicos de curta duração. A partir de 1974, através do Decreto nº 24.039/74, o centro foi transformado na Fundação Centro de Educação Técnica da Bahia – CETEBA. Posteriormente foi promulgada a lei nº 12/80, que extinguiu a Fundação e criou a Superintendência de Ensino Superior da Bahia (SESEB).
TELEBAHIA - Telecomunicações da Bahia – Cabula
Em 1973, foi fundada a Telebahia, juntamente com o Telebrás - Sistema de telecomunicações brasileiro. A Telebahia foi a primeira empresa a desenvolver diversos serviços telefônicos na Bahia, trazendo inclusive os orelhões, que posteriormente foi utilizado em todo o Brasil por sua sucessora, Telemar. Em 1997 a Telebahia criou a telefonia móvel digital. Em 1198 a Telebahia e a Telebahia Celular foram privatizadas.
UNEB - Universidade do Estado da Bahia - Cabula
Em 1983, foi criada a maior instituição pública de ensino superior das regiões Norte e Nordeste do Brasil, a UNEB.
Hospital Roberto Santos
Foi criado também no Cabula, um dos maiores hospitais público de Salvador, o Hospital Geral Roberto Santos.
Referências:
Disponível em: < http://www.historia-brasi l.com/bahia/salvador.htm>: Acessado em 29 de out. de 2014.
MATTA, Alfredo. História da Bahia: licenciatura em História. Salvador: Eduneb, 2013.
ENTREVISTA COM UMA MORADORA DE 70 ANOS, QUE MORA NA RUA JOSÉ FERREIRA HÁ 43 ANOS.
ENTREVISTADORA: Como era a rua José Ferreira?
ENTREVISTADA: Chegamos
aqui em 1961, meu marido comprou um lote na mão uma "dona". Fomos os primeiros
moradores dessa rua.
Quando cheguei aqui era só mato e barro. Tinha muitas árvores
frutíferas como: limoeiros e bananeiras,
tangerineiras, mamoeiros, abacateiros, mangueiras, jaqueiras,
goiabeiras, pitangueiras, dendezeiros, coqueiros e cajueiros.
Também tinha uma nascente em que água saia da raiz do dendezeiro,
até hoje ela existe. Localiza-se perto da horta da rua da Primeira Travessa, depois do Campo de Futebol.
Na rua de baixo, hoje chamada de Baixa do Saboeiro, tinha um dique onde pescávamos peixes (traíra) e camarões.
Na rua de baixo, hoje chamada de Baixa do Saboeiro, tinha um dique onde pescávamos peixes (traíra) e camarões.
Com a chegada do hospital Roberto Santos e do Condomínio Habitacional, o rio passou a ser poluído com o esgoto que vinha desses
lugares.
ENTREVISTADORA: Tinha
pé de laranja- de- umbigo?
ENTREVISTADA: Tinha
muitas laranjeiras, mas não de umbigo. Tinha muito limoeiro.
ENTREVISTADORA: Quando
a senhora chegou ao Saboeiro tinha filhos?
ENTREVISTADA: Sim,
quatro filhos. Duas meninas e dois meninos.
ENTREVISTADORA: Quais
as idades das crianças?
ENTREVISTADA: Entre
1 a 5 anos de idade.
ENTREVISTADORA: Como
foi criar quatro filhos num lugar pouco povoado?
ENTREVISTADA: Foi
muito bom. Não tinha violência. Toda a
nossa da alimentação vinha das plantações que fazíamos e dos peixes e camarões
que pescávamos no rio. Quando queríamos comer algo diferente ou comprar roupas íamos
andando até a Baixa dos Sapateiros, pois ainda não existiam linhas de ônibus, o
único transporte era táxi, mas os taxistas não gostavam de nos
trazer até o Saboeiro porque era muito deserto.
Meus filhos brincavam livremente, sem preocupação.
ENTREVISTADORA: Como era o comércio no Saboeiro?
ENTREVISTADA: Só tinha uma barraca, onde
fica hoje o Hospital Roberto Santos, vendia de tudo: pão, açúcar, feijão, arroz,
farinha, carne de sertão, etc.
ENTREVISTADORA: Atualmente, como é a rua José Ferreira?
ENTREVISTADA: Bem diferente. Hoje tem muitos moradores, ruas asfaltada. Tem muitos carros. Temos linha de ônibus, um bom comércio, escolas, posto médico, hospital. "Tá" tudo evoluído.
ENTREVISTADORA: Do que a senhora sente falta?
ENTREVISTADA: Sinto falta das árvores frutíferas, do verde, da calmaria. Era muito tranquilo. Não tinha violência.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES...
Esta entrevista me fez viajar na minha infância. Lembrei do quanto eu e meus irmãos nos divertíamos no balaço amarrado no pé de jaqueira que ficava no quintal da minha casa. Quantas mudanças ocorreram em meu bairro Saboeiro, principalmente, em minha rua desde a chegada dos primeiros moradores.
Com a implantação do Conjunto Habitacional, do Hospital Roberto Santos e das escolas, o desenvolvimento do bairro foi gradualmente acontecendo.
Hoje o bairro ainda possui um pouco de mata Atlântica, mas devido a construção de novos condomínios e residências, o resquício dessa mata tem sofrido com o desmatamento desenfreado.